Todo cuidado é pouco
Alerta laranja
Há quatro anos foi instituído o Dezembro Laranja como forma de chamar a atenção para os perigos do câncer de pele; em Pelotas, cerca de 12% dos paciente atendidos em ação da Sociedade Brasileira de Dermatologia foram diagnosticados com a doença, considera
Jô Folha -
Os 31 dias de dezembro foram escolhidos para lembrar do câncer de pele, doença que atingiu mais de 180 mil pessoas no Brasil em 2016, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). Todos os anos, durante o mês de dezembro, a Sociedade de Dermatologia em Pelotas faz saídas de campo nos municípios da região com o intuito de levar atendimento e orientações sobre o tumor. Em 2017, nas 160 consultas, 12% das pessoas foram diagnosticadas com a doença, que tem como principal inimigo os raios solares. Conforme os últimos dados disponíveis pelo Inca, 3.316 pessoas morreram no país, em 2013, em decorrência do câncer de pele.
Esses tumores podem ser divididos em dois tipos: o melanoma, caso mais raro e perigoso, e o não melanoma, tipo de câncer mais comum no país e com altos índices de cura. Em ambos os casos, a prevenção e a detecção rápida são as maneiras mais efetivas para o combate, como explica o dermatologista Hiram Larangeira. "O câncer não melanoma é o mais comum da humanidade e o principal sinal é apresentar cascas ou feridas na pele, sem pigmentação. Uma vez detectado, o procedimento cirúrgico é realizado e fica tudo certo."
Por outro lado, o câncer de pele melanoma é mais perigoso. Ele pode ser detectado pela regra do ABCDE - uma mancha assimétrica, com borda e cor irregular, diâmetro maior do que 6 milímetros e evolução, que pode levar à metástase. No Brasil, a estimativa é de que 5.670 pessoas tenham contraído a doença no ano passado. Em 2013 esse tipo de tumor causou a morte de 1.547 pessoas.
Larangeira explica que a maneira de prevenção é simples: "Evitar a exposição ao sol entre as 10h e as 14h, horário em que há maior incidência dos raios solares. Em profissões que obriguem o contato com o sol nesses horários, a recomendação é sempre usar filtro solar". "As pessoas fazem confusão de que a luz fluorescente também é perigosa, mas não existem estudos que indiquem isso", esclarece.
Para não esquecer a prevenção
A preocupação com o câncer mais comum no país resultou na criação do Dezembro Laranja, em 2014. A campanha é voltada à prevenção e ao diagnóstico do câncer de pele. Neste ano sob o lema Se exponha, mas não se queime, a Sociedade Brasileira de Dermatologia em Pelotas realizou atendimento a 160 pacientes e constatou que cerca de 12% deles estavam com câncer de pele. A cirurgia é o tratamento recomendado e serão realizadas no começo de 2018.
Uma das responsáveis pelo projeto, a médica dermatologista Maria Gertrudes, realiza, junto à Liga de Oncologia da UFPel, trabalho de campo em duas cidades da região: Morro Redondo e Arroio do Padre. "As visitas são para detectar todos os tipos de câncer", relata. Ainda, segundo ela, o Rio Grande do Sul é o estado mais atingido do Brasil pelo câncer de pele, devido à grande presença de comunidades italianas e alemãs, que têm a pele mais clara.
"A maioria dos afetados tem mais de 40 anos. Indivíduos que trabalham ao sol, como trabalhadores rurais, pescadores, pedreiros, serventes, entre outros, também estão no grupo de risco", comenta Maria Gertrudes.
Protetor deve ser um aliado
Carcinoma Basocelular na parte inferior da pálpebra. O nome pode assustar muitas pessoas a receberem esse diagnóstico. Mas não o técnico em refrigeração Fernando Simões, 61 anos. Autônomo, ele trabalha, principalmente, na instalação de ar-condicionado, em cima de telhados e lajes, inclusive sob forte sol. Ele também conta que desde pequeno tem o hábito de ir à praia. O que não era rotina na vida de Fernando é o protetor solar. "Nunca passei", confessa.
Aos 60 anos, em agosto do ano passado, veio o diagnóstico. "Foi um tiro na cara. A médica disse que eu tinha câncer, assim, sem preliminares", conta. O carcinoma basocelular - caso de câncer não melanoma, o mais comum no país e com alto índice de cura - surgiu em Fernando como uma pinta pequena na parte inferior da pálpebra esquerda . "Inicialmente achei que fosse um terçol. Como em 15 dias não passou, procurei a oculista, que fez o diagnóstico". Sempre precavido, apesar do susto inicial, Fernando manteve a calma. No Dezembro Laranja de 2016, no Centro de Especialidades Médicas de Pelotas, confirmou o câncer na pele. Junto com a família, procurou as informações e, em julho e agosto deste ano, passou pelos dois procedimentos cirúrgicos que eliminaram o tumor da pele.
A tranquilidade no combate à doença de Fernando foi a mesma vivida por ele há 15 anos. Ele é sobrevivente de uma trombose mesentérica, doença que, segundo o médico que o tratou, "mata dez em cada dez casos". Com serenidade e jogo limpo da família - mulher e dois filhos - "sem ilusões", Fernando Simões hoje leva a vida com tranquilidade. O filtro solar passou a ser usado como um aliado quando é necessária a exposição ao sol. E o médico, como de costume nos 61 anos de vida, é procurado sempre que algo fora do normal acontece.
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